(English below)
Sistelo, o "Tibete Português", segundo se lê na maioria das informações sobre esta linda aldeia, que por decreto em Diário da República, viu a sua paisagem cultural elevada a Monumento Nacional. Mas eu nunca fui ao Tibete, por isso não posso atestar esta denominação.
Esta pequena aldeia minhota, em Arcos de Valdevez, tem cerca de 270 habitantes em que aparentemente apenas 3 deles têm menos de 10 anos, sendo, portanto, uma aldeia rural envelhecida que parece ficar ali encaixada entre os montes e o rio Vez.
Pelas ruas empedradas, ladeadas de casas a condizer, não se via muita gente quando chegámos, pelas 9h30, excetuando, uns gatos por aqui e por ali.
Iniciámos então o trilho escolhido, o PR14, chamado de Trilho das Brandas de Sistelo, marcado com dificuldade moderada e com 6,5 km. O que se veio a confirmar no fim não corresponder à realidade, pois este trilho tem na verdade cerca de 9,5 km aproximadamente, uma vez que não fizemos desvios, nem adicionámos qualquer extra. Demorámos 3 horas e 40 minutos no total, o que deu uma boa caminhada antes de almoçarmos.
O trilho começa no largo principal, onde há um pequeno café e também estava um senhor a vender mel, com um grande cartaz a anunciar todos os benefícios de cada tipo de mel. Passa inicialmente pelo centro do Sistelo, pelos espigueiros e pela Igreja e começa a descida por umas escadas de pedra até ao rio Vez, o ponto mais baixo do trilho. Passa-se por duas pontes, vários castanheiros e no Outono por muitas castanhas e ouriços no chão, e a partir daí é sempre a subir até aos 740m da Branda do Alhal, seguida de mais uma ligeira subida até à Branda do Covo de mais uns 40, 50 metros. Mas, voltando atrás um pouco, até à localidade de Padrão (500 m de elevação) o trilho é comum com o Trilho dos Socalcos, o que significa que até este ponto temos vistas muito bonitas sobre os socalcos característicos da região.
Pelo caminho, passamos também por outras pequenas localidades, e perto das brandas, que são umas pequenas construções de pedra que eram construídas no alto das serras, perto de pastos mais férteis, onde as famílias viviam durante o verão para estarem mais perto do gado e dos cultivos. Hoje em dia, já não se mantém este antigo hábito e apenas serve como local de armazenamento, por exemplo, sendo que muitas já se encontram ao abandono. Numa destas brandas, encontrámos o sr. Manuel no tractor e o seu amigável cão que só queria festinhas e brincar. Ele explicou-nos que na sua branda já só guarda algumas ferramentas para a agricultura e comida para os animais.
No ponto mais alto, o trilho entra por uma floresta, que em tudo se parecia com um bosque encantado dos contos de fantasia, com alguma neblina à mistura para reforçar o ambiente mágico, e também já alguma coloração de Outono. Durante todo o caminho fomos ouvindo o som dos chocalhos e vendo algumas vacas, estas vacas da raça Cachena são por norma pacíficas e não muito grandes, são castanhas e possuem cornos. Vivem pelas montanhas durante todo o ano, pois têm grande resistência às mais adversas condições atmosféricas. Encontrámos ainda dois cavalos pelo caminho e tal como as vacas, não estavam minimamente interessados na nossa presença, o que nos permitiu estar descansados e observar as lindas paisagens tranquilamente.
Assim que se sai do bosque encantado, o caminho faz-se sempre a descer, de forma não demasiado íngreme, descendo-se rapidamente até voltar à aldeia de Sistelo.
O trilho em si não considerei difícil, apenas o facto de ser uma subida grande e cansativa, mas com calma tudo se faz, parte dele é em lajes de granito, usado talvez há centenas de anos e pode ser escorregadio se o tempo estiver húmido, mas sempre relativamente fácil de caminhar, com o mato circundante aparado e cuidado, e caminho bem sinalizado exceto na localidade de Padrão, onde tivemos dúvidas de qual caminho seguir por entre as ruelas da aldeia. Apenas tivemos de perguntar a uma senhora que nos indicou logo o caminho certo, que já estava de olho em nós, certamente não fomos os primeiros enganados nem seremos os últimos. :D
Ao chegar de volta ao Sistelo, nem queríamos acreditar, em plena pandemia, na quantidade de carros que agora estavam estacionados dos dois lados da estrada, onde de manhã tínhamos deixado o nosso tão solitário. Optámos por almoçar ali mesmo, fora do centro da aldeia, ao pé do carro, onde estávamos mais distanciados das pessoas.
É um trilho que vale a pena fazer e sendo que o início é comum com o Trilho dos Socalcos dá para ver um pouco de cada, por isso havendo tempo e força nas pernas é subir a montanha até ao cimo. Se estiver muito sol ou um dia de chuva, penso que devam reconsiderar, pois tem poucas sombras e abrigos. No dia em que fizemos estava nublado, mas o sol apareceu por entre as nuvens, ou seja, nem estava frio nem calor, o que foi ideal na minha perspetiva. Estava um pouco húmido, pois choveu bastante no dia anterior, mas no trilho raramente tivemos de fazer desvios devido a lama ou poças grandes. O maior obstáculo mesmo, penso serem os presentes que as vacas vão deixando por todo o lado e se nos distraímos, já era. Ahah
Quanto à preparação, é sempre bom levar os básicos, uma mochila com capa da chuva, água, snacks, botas de caminhada são sempre a minha escolha preferida em vez de ténis, e se for em tempo frio um casaco para a descida que vai fazer falta, especialmente se estiver vento.
Na parte da tarde, como ainda estávamos enérgicos, fizemos o trilho dos Passadiços do Sistelo, verifica aqui.
Resumindo e concluindo, visitem o Sistelo e façam este Trilho das Brandas, PR14, vale a pena!
Sugestões de outros passeios perto, visitar os Espigueiros do Soajo, ou ir ver a vista no Baloiço do Mezio.
Sistelo, “The Portuguese Tibet”, as you can read in most of the information available about this beautiful village, that saw its cultural landscape decreed National Monument. But as I never visited Tibet, I can’t say if it’s similar or not.
This small Minho village, at Arcos de Valdevez, has about 270 people and apparently only 3 of them had less than 10 years old, so, it’s an old village with older population between the mountains and the Vez River.
By the stone streets, there’s matching houses on both sides, we haven’t seen many people by the time we got there, around 9h30, except some cats, here and there.
We then started the chosen trail, PR14, called Brandas do Sistelo Trail, defined as moderated and 6,5km. But, in the end we verified this information wasn’t true and it was in reality about 9,5km, as we always followed the route and didn’t have any detours. It took us 3 hours and 40 minutes to complete it, a great hike before lunch.
The trail starts at the village center, there’s a small caffe and there was also an old man selling honey, with a big advertisement poster saying all the benefits from each type of honey.
The trail passes initially between Sistelo streets, “espigueiros” and by the church and starts going down by some stone steps in direction to Vez river, the lowest location on the trail. You cross the river twice in two bridges, lots of chestnut trees, and in Autumn time, lots of chestnuts on the floor, and starting from there it’s all the way up till 740m, at Branda do Alhal, followed by 40, 50m more of soft ascent to Branda do Covo. But, going back a little bit, until Padrão village (500m) it is shared trail with Socalcos trail, and that means that you have amazing views over the region’s characteristic terraces. On the way, we also passed other very small villages and close to various “brandas”, that are small stone constructions that were built on the mountain’s highest points where the soils are fertile and where the families used to live on the summer season, so they would be closer to the animals and the agriculture fields. Nowadays, this old habit it’s not happening anymore and they use the small houses just to store some stuff. In one of this “brandas” we found Mr. Manuel on his tractor and his friendly dog that wanted to play and be petted. He explained us that in his “branda” he only keeps some tools to his farming and food for the animals.
At the highest point, the trail goes inside a forest, that really seemed like an enchanted forest from fairytales, with some mist around, to really set that magical mood, and obviously the Fall colors everywhere. During our hike, we’ve heard the cow’s bells and we saw some. These cows, Cachena breed, are usually very pacific and not too big, they are brown and have horns. They live in the mountains all year round, as they are very resistant to tough weather. We also saw two horses on our way, but like the cows, they had absolutely no interest on our presence around, so we could enjoy the beautiful views of the landscape in peace.
As soon as you exit the enchanted forest, the descent starts, but as it’s not very steep, you can go down quite fast and easily, on your way back to Sistelo.
I consider this trail as easy to walk, the only thing is that it is a big and tiring climb, but slowly we get everywhere, part of it has old granite roads, that have been used probably for hundreds of years, and it can be slippery if the weather is wet, but easy to walk. Always well marked, except at Padrão village, where we had some doubts on which street to go. But we just had to ask an old lady and she immediately helped us, and I think she was already expecting it, probably we weren’t the first ones neither the last ones to get confused there.
Getting back to Sistelo, we couldn’t believe our eyes, right in the middle of a pandemic, how many cars there were now, on both sides of the road, where in the morning we parked our car, so lonely. Seeing this, we decided to have lunch there by the car, so we could keep our distance from the other people.
This trail is worth it, and as the first part is shared with Socalcos trail you can have a bit of both, but if you have the time and the energy on your legs, just go all the way up the mountain. If it’s too hot, or raining I don’t recommend on doing it, as it doesn’t have shadows or shelters. The day we hiked it, it was cloudy, but it didn’t rain and the sun even showed in between the clouds for a while, it wasn’t hot or cold, just the ideal weather for me. It was a bit wet, because it rained a lot the day before, but the trail was good and we haven’t had to make many detours due to mud or big puddles. I think the biggest obstacles are the smelly gifts that the cows leave everywhere, and if you get distracted, oops! Ahah
As for the preparation, I think you should always take the basics, a waterproof backpack, water, snack, hiking boots, I prefer them to sneakers, and if it is cold, a jacket will be your friend on the way down, especially if it is windy.
In the afternoon, as we were still full of energy, we did another hike, a smaller one, Passadiços do Sistelo trail, check it here.
In the end, this trail is worth it, Brandas trail, PR14!
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